terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Guayaramerin






                                               Guayaramerin



Situada aproximadamente a 300 Km de Porto Velho, Guajaramirim , ex-futura fracassada promissora zona Franca, é destino quase certo de quem visita a capital rondoniense, não fica em nenhum entrocamento rodoviário, mas faz fronteira com Guayaramerim, cidade de poucos habitantes, mas de um valor incomparável para os consumistas de plantão. É só cruzar o rio que separa o Brasil da Bolívia em uma canoa do tipo “indiana Jones” que heroicamente chega-se na terra dos "hermanos" bolivianos. Aí não tem jeito, abre-se a porta da “gastança”!

Em virtude da desvalorização do Bolivar e também da diferença de impostos bolivianos, Guayaramerin é o sonho de consumo dos que por lá chegam. Os preços são tentadores a ponto de se tornarem irresistíveis. Não é difícil encontrar caravanas de carros com destino ao oásis dos consumistas, geralmente repletas de mulheres, as que como todo mundo sabe, são geneticamente consumistas!

     
     Como todo e bom rondoniense, os servidores do TRT da 14ª Região não poderiam deixar de comparecer e visitar as lojas de nossos “hermanos” bolivianos. Composto de 16 mulheres de 2 homens o ônibus de um colega servidor partiu rumo a Guajará. Pronto! Selava-se ali mais uma odisséia do consumo. Não era difícil identificar o principal objetivo do grupo naquela viagem: comprar, comprar e comprar... As conversas tinham como verbo principal o danado do verbo comprar conjugados em todos os tempos: comprei, compro e comprarei... e neste jogo cruzado de conversas, cruzado sim, pois quando a maioria é mulher num lugar, as conversas se cruzam naturalmente num sincronismo eficaz, fazíamos planos de como tudo ia acontecer, a “gastança” era planejada com detalhes minuciosamente arquitetados. Ti ti ti pra cá , ti ti ti pra lá e para o sofrimento dos membros masculinos do grupo,que eram apenas dois, a conversa não parava e o verbo mágico era tagarelamente repetido, parecia que a palavra Bolívia era mais inebriante do que a velha conhecida e irrecusável, tentadora e maravilhosa: promoção! Psicologicamente parecia que todas nós íamos á uma mega-promoção, daquelas que a gente compra o que precisa, o que não precisa, o que pode precisar e o que não pode precisar, enfim, compra-se tudo e ainda avisa a todas as amigas.
A estrada que leva ao centro de consumo “ de los hermanos bolivianos” nem sempre é muito generosa, o sol então, é sempre muito intenso, mas nada disso importa, afinal, o que importa mesmo é comprar tudo barato. Ainda estava escuro quando o ônibus partiu, chegamos na fronteira rondoniense ás 9 da manhã e não quisemos nem saber de hotel, afinal, a mega-promoção chamada de Bolívia não podia esperar.
       O grupo de maneira organizada esperou os barquinhos “Indiana Jones” (daqueles “virou-dançou-e-se -lascou) chegar, acomodou-se nos seus bancos “luxuosos” de madeira e num oscilatório digno de maremoto, chegamos no destino esperado. Foram fotos e mais fotos na escada do terminal hidroviário e para irmos até o Centro de consumo, contratamos os táxi bolivianos que são uma mistura de moto com charrete, praticamente uma “motorrete”! O percurso no baquinho dessas “motorretes” é sempre com muita emoção. Pronto, começava a “gastança”!
       A “gastança” parece uma droga, o grupo não comeu e nem bebeu só comprando, foram horas de grande empenho. Vai sacola para cá, sacola pra lá, braços cansados, pernas calejadas, olhos com olheiras gigantescas e nada desanimava o grupo. O peso da sacola ultrapassando valor permitido para a maioria delas, mas a felicidade estava estampada nos rostos. Afinal, estavam comprando tudo barato. A felicidade extravasava pelos poros, pois quando “los ojos miravam los precios” por apenas 1/3 dos preços brasileiros, parece que tudo é um paraíso, mesmo carregando uma tonelada de sacolas. Foi um dia inteiro comprando tudo com preços pra lá de maravilhosos, embora faltasse o ar-condicionado dos shoppings, nada disso importava, afinal, os “precios” compensavam sempre.
       É... Parece que Guayaramerin torna-se uma droga, o povo passa horas sem comer nem beber, gasta todo o dinheiro que o TRT deposita na conta, passa calor, fome e no final tem sempre a próxima vez! Quem entende?

Um comentário:

  1. Poxa, seu post está D+!
    Estou indo hj a Porto Velho e, consequentemente, a Guajará-Mirin e não encontrava nada de interessante, estava quase desistindo de ir, mas dps q achei teu blog, mudei de ideia!
    Valeu!

    Mayara Farias

    ResponderExcluir