terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Comédia da vida privada




Comédia da vida privada




       Quem me conhece sabe que eu já passei por situações das mais inusitadas, às vezes minha vida se transforma numa comédia da vida privada. Muitos desses momentos se deram em viagem, com direito a testemunha e tudo mais.
      Bom, certo dia, quando voltava de férias de Fortaleza, exatamente no dia 31 de julho de 2001, embarquei num vôo para Teresina, os vôos de Fortaleza para Teresina são bem rápidos e geralmente bem tranqüilos, mas nessa época, final das férias de julho, sempre lotam e é feliz quem consegue embarcar sem ter que enfrentar um “overbooking”.
    Consegui embarcar sem problemas. Estava sonhando com a volta para casa, quando ao procurar a minha cadeira, tive uma surpresa! Olhei para a cadeira de longe e vi uma pessoa sentada, ao aproximar do assento, percebi que se tratava uma celebridade do sertão! Para não confundir realmente a pessoa, coloquei os óculos, já que a miopia vive me traindo, então dilatei minha pupila em direção ao rosto daquela criatura e pensei: " parece o Reginaldo Rossi!", para sanar minha dúvida,olhei pro lado, disfarcei, e bem baixinho perguntei a um passageiro: “Senhor, aquele homem sentado naquela cadeira é o Reginaldo Rossi ? Não tinha outro jeito, tinha que perguntar, pois nunca foi fã de carteirinha do pop star do sertão e eu poderia estar enganada. O passageiro respondeu sorrindo: “é sim!”, e ainda sorrindo, perguntou-me: “ É a sua cadeira?”, e eu respondi: “é sim”. O homem teve uma crise de sorriso! E eu, que sou uma pessoa que tenho dificuldade para controlar um sorriso, comecei a sorrir também, sentei em uma cadeira qualquer e comecei a pensar: “Meu Deus, como é que eu vou pedir para o Reginaldo Rossi sair da minha cadeira?Será que eu pergunto a ele assim: “Sr. Reginaldo, o Sr. Sentou na minha cadeira, o Sr. poderia sair?”. Ou seria melhor adoçar seu ego artístico e falar:” ô rei, o Sr. sentou na minha cadeira.” Ou seria melhor fingir que nem conhecia o cara, se fazer de doida e mandar ele sair da cadeira. Mas ao mesmo tempo que pensava, o avião lotava e o dono da cadeira que eu estava, deveria chegar logo,logo. E... quando olhei para o lado, as pessoas que estavam sentados na fila da frente sorriam descontroladamente.
     Bom, depois que consegui controlar o sorriso e chegou o dono da cadeira que eu ocupava temporariamente, fui falar com o pessoal do serviço de bordo, daí cheguei lá e disse: “Tem uma pessoa sentada na minha cadeira e queria saber como posso resolver o problema, a aeromoça perguntou: Qual é a sua cadeira, respondi: “26A”, esse número nunca mais esqueci! Então ela olhou em direção á cadeira e começou a sorrir também... daí eu disse: “não é que o rei Reginaldo Rossi foi sentar exatamente na minha cadeira?” Só podia ser comigo mesmo, essas comédias da vida privada só acontecem comigo. A aeromoça foi falar com o Reginaldo Rossi e eu também. Saímos caminhando pelo corredor do avião e o povo começou a dizer: “Pega o autógrafo do rei”, “Reginaldo Rossi, desocupa a cadeira! “ a essa hora do campeonato eu já tinha perdido a minha cor, estava vermelha, porém, sorrindo também.
    Ao falar com o cantor, a aeromoça, educadamente, conversou com ele e apontou pra mim, nessa hora tive vontade de cavar um buraco no chão do avião de vergonha, os passageiros continuavam a sorrir e repetiam: “Fala para ele cantar uma música pra você.” “canta aí Reginaldo Rossi!” O mico era grande, eu estava em pé com um milhão de sacolas repletas de muambas cearenses, desde a rapadura até o chinelo de couro!
     Enquanto acontecia tudo isso e a aeromoça conversava com o cantor, um rapaz, um santo, esse deveria ser canonizado por sua gentileza, levantou-se da sua cadeira e disse:” Moça, pode ficar com a minha cadeira , que eu faço questão de negociar a cadeira com o Reginaldo.” E saiu sorrindo. Eu suspirei aliviada...
Depois de alguns minutos, conseguiram acomodar todo mundo e partimos rumo ao Piauí. Quando o avião chegou em Teresina, eu fui descendo a escada do avião e o povo foi perguntando para mim:” Ei menina que o Reginaldo pegou a cadeira, tu não vai pegar um autógrafo dele, não?” Nessa hora o Reginaldo escutou e veio até mim, nem lembro o que falei, mas que eu tirei uma foto, eu tirei, mesmo sem nunca ter comprado um disco dele!

 

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