segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Desculpem-me o bairrismo





Desculpem-me o bairrismo



           Era um final de tarde, quando, na companhia de um grande amigo, visitava a cidade de Olinda, patrimônio cultural da humanidade. O vento que balançava os meus cabelos também trazia um som que vinha de longe, a paisagem parecia harmonizar-se com aquela melodia que se aproximava. Sem hesitar, decidimos ir ao encontro daquele som, que, para nossa felicidade, tratava-se de um grupo de jovens tocando e dançando fantasticamente o maracatu pernambucano.
              Fiquei emocionada ao observar, e, a cada passo saltitado por aqueles pernambucanos, orgulhava me mais e mais de ser nordestina. Via em cada olhar, rosto, gesto e molejo do corpo, algo que (desculpem-me o bairrismo! ) somente vimos nos nordestinos. Aquela expressão popular, tão bem conservada, manifestava a doce arte de ser do Nordeste. Digo, doce arte, pois um nordestino se conhece de longe, o seu sotaque melodiosamente arrastado, tão rico e repleto de regionalismo é como uma verdadeira poesia.
           Povo batalhador, que bravamente contradiz todos os preconceitos arraigados a seu respeito, quando, na figura de um sertanejo, enfrenta quilômetros (a pé) para trabalhar, e, ainda assim, é chamado de preguiçoso. Talvez as dificuldades que tenha que enfrentar, o faz assim, mais poeta, mais humano; o jeito caloroso de receber seus visitantes não se encontra em nenhuma região do Brasil; a sua fortaleza é sempre fonte inesgotável, quando tem que deixar sua terra natal em busca de melhores condições materiais, digo, melhores condições materiais. Mesmo partindo, não esquece jamais o que temos mais de precioso: a nossa gente. Assim fez o grande Luis Gonzaga, detalhe: fez, relatou e o mundo escutou.
            Pisar em solo nordestino, reviver aquela melodia, admirar nosso cobiçado cartão-postal (procurado por muitos), é encher-se de energia positiva, é poder agradecer a Deus por ser poeticamente nordestina. Desculpe-me o bairrismo, mas naquela hora, não tinha como não ser! Contudo, como todo bom cabeça-“chata”, convidamos os apaixonados pelo Nordeste para integrar a nossa calorosa família. Sejam bem vindos! Viva o Nordeste! Viva o Brasil ! Viva Olinda, patrimônio cultural da humanidade!






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